Com a chegada da nova estação, há uma mudança no regime de chuvas e temperaturas na maior parte do Brasil. Os dias são mais compridos e a luminosidade é muito maior. Todas estas mudanças climáticas afetam também a vida de todos os seres na terra. È nesta época que a maioria das espécies procriam. As flores, especialmente as flores, se fazem presentes neste período. Desabrocham, crescem, enfeitam e perfumam tudo a nossa volta.
A Primavera é uma estação especial porque dá a vida um clima de otimismo, de renovação. Nos traz a sensação de que as coisas boas acontecem e, principalmente, de que o amor está no ar. No canto dos pássaros, na beleza dos jardins, em cada pessoa, em cada sorriso.
Aproveite o sol no rosto, o vento nos cabelos, o perfume e a beleza das flores. Curta o clima nas ruas e parques, pise na grama e sinta a natureza ao seu redor.
Primavera musical
Em 1934, a prefeitura do Rio de Janeiro pensou em incluir a abertura da primavera no calendário oficial de festas da cidade. Chegou-se a promover a escolha da Rainha da Primavera, sendo eleita Lela Casatle, moradora de Vila Isabel. A pequena foi homenageada por Benedito Lacerda com a valsa “Lela” e por Jayme Florence (o Meira) com o choro “Primavera” – depois letrado por Jorge Faraj e gravado por Jayme Vogeler. Morador do mesmo bairro de Lela, Noel Rosa não podia deixar por menos: de parceria com Vadico, dedicou à rainha uma obra-prima definitiva: “Feitiço da Vila”.
A idéia de comemorar oficialmente a primavera não prosperou, mas ainda em 1934 gerou algumas músicas: “Primavera no Rio”, de João de Barro, gravada por Carmen Miranda (“O Rio amanheceu cantando/ Toda a cidade amanheceu em flor/ Os namorados vêm pra rua em bando/ Porque a primavera é a estação do amor…”); e, também de Noel, “Marcha da Prima…Vera”, que Almirante cantava no Programa Casé, mas que ficou inédita.
Vinicius de Moraes associou à estação a valsa de Tom Jobim que é tema do primeiro longa-metragem de Paulo César Saraceni, que passou a chamar-se “Derradeira Primavera” ao receber os melancólicos versos do poeta. No mesmo ano, 1962, a composição foi gravada instrumental como “Valsa de Porto das Caixas” por Orlando Silveira e seu conjunto, e como “Derradeira Primavera” pela cantora Elza Laranjeira. Curiosamente, na produção de Vinicius com Toquinho há outra canção primaveril – embora deva se tratar da primavera na Europa, pois é intitulada “As Cores de Abril” (1974): “As cores de abril/ Os ares de anil/ O mundo se abriu em flor/ E pássaros mil/ Nas flores de abril/ Voando e fazendo amor…”. Outra manifestação primaveril muito conhecida de Vinicius foi o clássico da bossa nova “Primavera”, parceria com Carlos Lyra (1965): “O meu amor sozinho/ É assim como um jardim sem flor…”.
Também se chamava “Primavera” um dos primeiros sucessos gravados por Tim Maia (1970), de autoria de Cassiano e Silvio Rochael. Outros compositores também escreveram sobre o tema na época, embora sem obterem o mesmo sucesso: Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho (“Harmonia da Flores”, gravada por Aracy Côrtes em 1964), Tito Madi e Arnoldo Medeiros (“Vem, É Primavera”, lançada por Claudete Soares), Sílvio César e Sérgio Carvalho (“Primavera, Outono”, que Elizeth Cardoso gravou em 1979) e até o sambista Monarco, que dedicou à estação das flores uma marcha: “Rancho da Primavera”, interpretada por Clara Nunes.